terça-feira, 17 de abril de 2007

III

E construimos da chama a fogueira,
compreendemos que não somos mais
ou se calhar nunca fomos, lenha.
Nunca ardemos no auge de um fogo descontrolado,
nem tão pouco fomos calor que nos aquece
que nos derrete a alma em sabor de paixão,
afinal depois de tanto tempo nunca fomos...
Não fomos sequer a acendalha de um lume
nem um pedaço de terra queimado pela fogueira,
não fomos meu amor, nunca fomos.
Não tivemos o oxigénio suficiente para arder,
para aguentar a força desta nossa asfixia
não, não houve nunca fogueira, só a chama,
que mesmo sem nunca arder
transformou-nos em cinza ás portas de um vendaval.

Nenhum comentário: