Mais difícil que uma despedida,
é não dizer adeus e partir...
Arder no rosto cada lágrima perdida,
levantar a cara triste, cansado, e fugir.
Com a enxada das minhas mãos farei obra,
dobrarei as dobradiças das minhas costas,
cortarei as mãos e a cara para não me conhecerem...
vou estar, se calhar para sempre, daqui para fora,
voltarei nunca mas com as ideias descansadas,
voltarei quando vocês cá dentro morrerem.
E sem dizer adeus, que a morte me leve.
Sei lá bem para onde, mas para onde não me toquem,
para onde não possa nunca mais voltar a ser,
que me leve para as chamas e me faça arder,
mas por favor que me queime a alma suja que tenho,
que me descalce os sapatos e me pregue não na cruz
mas num sitio onde me queime no peito a luz.
E assim a história chega ao fim, eu morri...
e não quero mais voltar ou renascer,
quero apenas descansar e que me deixem morrer.
Como morremos nós que morra também,
rápido mas desta vez sem dor...
Que não me venham para cima com alguém,
pois farto de tentar morrer estou eu,
e tenho na alma um inquietação, um pavor,
que não me deixa morrer descansado
e renascer onde vocês sejam uma miragem,
um pesadelo de noite mal dormida,
afinal quero saber que tudo isto é apenas paisagem.