terça-feira, 24 de julho de 2007


















Mais difícil que uma despedida,
é não dizer adeus e partir...
Arder no rosto cada lágrima perdida,
levantar a cara triste, cansado, e fugir.
Com a enxada das minhas mãos farei obra,
dobrarei as dobradiças das minhas costas,
cortarei as mãos e a cara para não me conhecerem...
vou estar, se calhar para sempre, daqui para fora,
voltarei nunca mas com as ideias descansadas,
voltarei quando vocês cá dentro morrerem.

E sem dizer adeus, que a morte me leve.
Sei lá bem para onde, mas para onde não me toquem,
para onde não possa nunca mais voltar a ser,
que me leve para as chamas e me faça arder,
mas por favor que me queime a alma suja que tenho,
que me descalce os sapatos e me pregue não na cruz
mas num sitio onde me queime no peito a luz.
E assim a história chega ao fim, eu morri...
e não quero mais voltar ou renascer,
quero apenas descansar e que me deixem morrer.

Como morremos nós que morra também,
rápido mas desta vez sem dor...
Que não me venham para cima com alguém,
pois farto de tentar morrer estou eu,
e tenho na alma um inquietação, um pavor,
que não me deixa morrer descansado
e renascer onde vocês sejam uma miragem,
um pesadelo de noite mal dormida,
afinal quero saber que tudo isto é apenas paisagem.

domingo, 15 de julho de 2007

Levem-me...

Estou estafado dos horários,
dos dias que as horas não passam,
em todas as manhas que me fazem trabalhar
sem ter alguém para mim, sem ter nada,
sem nunca ter nada assim não vou ter de certeza,
não tenho tempo para mim,
não tenho tempo para ninguém,
não consigo ter tempo para viver.

Passei com os pés sobre a areia,
nos poucos momentos de liberdade,
passeio na areia junto com a amizade,
e por momentos aquilo que para eles é normal
para mim é uma alegria imensa, um exagero,
como um miúdo com uma bola na mão,
como um musico em pleno concerto,
como eu quando escrevo estas palavras.
Não contei os minutos como facas,
como garras de leão a cravar o peito,
estive por momentos livre, como eu preciso.

É a tristeza dos dias que me correm,
sem ninguém para as minhas noites,
sem tempo para as minhas amizades,
sem nada que me agrade assim corro...
corro todos os dias contra o vento da vontade,
quero fugir, não sei para onde...
Mas chega-me esse sitio onde não conte os segundos,
onde os segundos não façam aproximar mais uma frustração,
mais um nada, mais uma maré vazia, mais um dia,
mais um telefone irrequieto...
Uma voz de comando que nos manda abaixo sempre,
um atestado de inutilidade, uma irritação escondida,
nada melhor quando já estamos vazios,
nada melhor que nos atirar o barro da inconpetência,
essa voz que quase me acorda durante a noite,
basta respirar um pouco mais alto e eu acordo.

Se nem para mim não me consigo valer,
um dia vou fugir, vou provar que estão enganados,
mas o meu lugar não é na vossa história,
na mesa onde vocês me puseram...
o meu lugar é se calhar na gaveta um pouco mais em baixo.

quinta-feira, 12 de julho de 2007

não há regra na poesia,
não me falem de Estereótipos...
não me falem disso quando a vossa alma não vê,
quando só vêem vocês com os olhos da cara,
quando vêem apenas a sociedade,
quando a vossa abertura é fechada em vós mesmos.

Quem dera ser então uma cópia dos dias,
mais que isso, repetir-me sempre...
Mas não me conformo nas repetições,
nem tão pouco nas vossas palavras.
Não me atinge o vosso consumismo,
nem tão pouco se a vossa biblioteca tem milhões de livros,
não, não é isso que me inquieta.

O que me consome a alma ultrapassa-vos,
passa longe da vossa realidade,
o que me consome são as minhas palavras
arrasam-me a cabeça em pensamentos,
o que me consome não são as pessoas,
o que me consome sou eu mesmo.
Quem me mata a cada dia sou eu e mais nimguém,
sou um assassino do meu próprio mundo,
e isso sim para mim tem valor, isso sim...
Não são os meus ditos
Estereótipos,
a dita poesia "estereótipada",
não existe poesia sem valor, nem palavra sem dor,
não existo aqui nos textos, porque não os como,
não me dão o alimento da manha,
nem sequer a cerveja da noite,
não é aí que está o pecado, o pecado está em voces,
escrevo assim como sempre o vou fazer,
se a caneta tomba para a direita assim a deixo,
não a mudo por uma opinião viciada na vossa cultura.

E continua a maré então,
escrevo hoje com a mesma vontade de ontem
com a mesma vontade de amanha,
desde que exista para me ler, sou feliz.

quinta-feira, 5 de julho de 2007

Preciso de descanso eterno,
de deitar a miséria nas rosas do inferno,
se sair para nunca mais voltar.

Preciso de desistir dos sonhos, fugir...
preciso que as lágrimas me afoguem os olhos,
que o sangue deixe de me percorrer,
que o meu peito seja lixeira dos meus sentidos
puramente incompetentes e desnecessários.
Preciso então de uma prisão para mim,
deixar de ser a fera solta das minhas vontades,
o pardieiro que me obriga a passar os dias.
Sou então tão cobarde que não tenho coragem,
para me ver nu reflectido na terra que piso,
sabendo então que nada me pode agarrar
fugindo assim de mim, escondendo-me.
Atrás de pele e ossos fracos, olhos negros,
escondo-me de nada mais que de mim,
do toque que as minhas mãos sentem...
áspero como as palavras que dito,
escondo-me das imagens negras dos meus olhos,
escondo-me do mundo que é demais para mim,
escondo-me atrás da vergonha que me tenho.
Será que vais demorar a chegar?
Abandona-me... alma insuportável que te tornaste.

terça-feira, 3 de julho de 2007

E eu escrevo hoje arrasado na profunda saudade que me deixas.
Deita-te aqui comigo ao lado do rio que ouviu passar as nossas primeiras palavras, ao pé do rio que nos acolheu como um ponto de encontro calmo as águas que nele passam. Deita-te aqui comigo e olha para ele, parado, tão estagnado quanto nós sempre tivemos, após uma rápida aprendizagem de nós próprios... Olha bem e repara como nos reflecte mesmo sem estarmos lá, repara na saudade que transborda naquelas margens.
E enfim se o teu beijo é desejo maior que outro qualquer, é então a amizade o que me causa a dor e o efeito de desaparecer, é então nos teus versos de uma noite que me guio em círculos redundantes procurando-te nas esquinas de qualquer prédio, nos lugares nenhuns dos meus dias em que tu estás longe, é então a pesquisar sobre mim nestas psicanalíses que lês hoje que vejo que não te espero mais embora a angustia que me corta a garganta faz-me querer que um dia vai ser diferente e a nossa amizade não desaparecerá mas será então fortalecida com a força da tua saliva a derreter-me os sentidos, e a força da tua alma a degradar-me o cérebro.
São as tuas linhas que leio todos os dias vezes sem conta, sem que nada mais me digam a não ser um requinte como um vinho aveludado que dá o sabor eterno da tua desilusão no toque amargo da tua ausência, no entanto, este toque suave que me prolonga os lábios fica cá até ao próximo gole que me faças saborear.

segunda-feira, 2 de julho de 2007

Quando acordar será então o dia diferente,
as horas como um rio passam limpas
a minha cabeça encontra-se então parada,
estou profundo em águas calmas como o céu.
Os espinhos que são segundos nas minhas rosas
não me esmagam a memória das tuas pétalas,
rosa foste que nasceste em mim, eu sou as tuas raízes,
a terra que te deu sustento, vitaminas para a tua dor,
eu fui a água que guardaste no teu caule,
cacto do meu deserto morreste lenta como o tempo.
O tempo que eu vou matando a cada segundo,
rebento as suas teias na loucura da tua miragem,
enfim, fomos terra e alimento, germinamos,
vivemos, não conseguimos resistir.
Chega o inverno ao nosso deserto e chove,
transbordamos nessa água e nela nos afogamos,
nela deixamos de ser barco com guia,
somos então destroços da nossa caravela,
somos destroços que navegam sozinhos
sem orientação, sem nós.

domingo, 1 de julho de 2007


Então adeus não é?
talvez quando voltar um dia tudo seja diferente,
talvez isto seja apenas uma miragem hipócrita
uma mentira na loucura das noites...

Adeus então... vou embora.
Levo comigo na bagagem a saudade,
levo um saco cheio de nada,
e levo também uma mentira continuada.
Não poderia esquecer-me de te levar também.


Empacotei tudo para partir...
Mas não havia espaço suficiente para ti.
Então tirei tudo para fora e fiquei vazio...
Esqueci a bagagem e levei apenas a tua imagem,
trouxe-te então perdida no meu olhar,
nos campos elíseos da minha recordação,
no inferno da memória dos beijos que te vi oferecer,
sem nada em troca a não ser a loucura das noites,
uma paixão escondida de verão, mais um nada,
mais um capitulo, uma história sem verdade,
um poema sem sentido, mais um aperto,
mais umas horas ocas, mais uma desilusão,
mais uns segundos de tristeza
na roda viva deste meu negro coração.