segunda-feira, 6 de agosto de 2007
E quando me sinto em baixo, arraso-me outra vez nos pensamentos que me deixaste marcados com ferros a arder nos meus dias. E sinto-me assim em baixo, como uma maré vaza... Não sei se é saudade que me leva a escrever-te, nem sequer faço ideia se será mais alguma coisa que me leva a sentir-me vazio a cada segundo das horas mortas que faço por matar em desperdícios de pensamentos. E seguidamente, sinto que afinal já não estamos mais no mundo que criamos, na agonia contínua de um sofrimento imperdivel que fazes questão de me lembrar que existe, martelando a minha cabeça com certeza que não vamos ser nunca mais, que nada mais será como antes, nem tão pouco seremos alguma coisa para nimguem. E sem falar acabas por me deixar assim e me dar a certeza que não existem certezas, não podem existir mais porque a maior certeza que tinha no mundo, este sustento como da saliva da terra para essas tristes plantas, acabou por ser a maior incerteza num mundo duvidoso em que vivo neste momento. Vinho que pisei com as botas do diabo te tornaste, tinto, carregado, sangue de boi.... Aroma leve de paixão, cor pesada de um vermelho quase negro, paladar refinado com sabor a uma casta que nasce no chão que pisei e que se colhe com os dentes com que me trincavas num gesto de saudade prolongada por uma demora na tua dor. Por tantas noites de ti me embebedei como um cirrótico perdido, uma barriga enorme de prazeres em que a tua cura para a minha desintoxicação foi simplesmente tirar-me o vinho da boca e dar-me água salgada.
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