
Há dias em que nem a morte nos chega, há dias assim solitários, tristes, escondidos atrás da memória de ser feliz.
Dias que não são dias nem nada que se pareça com viver, estes dias, salas de tortura do meu pensamento, prisioneiro da rotina que nos absorve mais rápido que água numa esponja, esses dias que nos fazem transbordar a raiva, que nos impede de continuar a usar a cabeça e nos obriga a uma ligação directa entre a boca e a palavra, estes dias...
Estes dias negros como o sol que brilhou, estes dias em que não quero a morte pois acredito na vida depois dela...
Não quero sequer acreditar nisso pois se tivesse que morrer hoje depois de soltar suor no meu trabalho, e de estar só comigo, prisioneiro num nada concreto, nem morrer me apetece, quem sabe iria respirar para outro lado...
Não me matem que morto já eu estou, simplesmente façam desaparecer as minhas cinzas ao vento como desapareceu de mim o brilho dos meus dias, o calor de um beijo desejado, a força de uns braços fracos.
Não me olhem, se por momentos alguém me conseguir amar, não me falem sequer... preciso simplesmente que me respirem tão atentamente como acolhemos o ar nos nossos pulmões.
E cedo chega então a noite, chega o meu canto de sossego, chega para mim um pouco de ar fresco.
Não respiro o transito sufocante, nem sequer respiro a ilusão da aparência que nos rodeia.
Respiro devagar, aos soluços murmurantes de uma lágrima a lua, a paz nas minhas veias, respiro as palavras que dito escondido a alguns quilometros de distancia de mais um nada, de mais uma corda na garganta que me ataca a saudade e a incerteza com expressoes de um frio glaciar que me derrete o coração numa banida amizade com bicos soltos que tenho medo de os curvas.
Não me chega a morte para me livrar de mim nem tão pouco para me matar o desgosto.
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