quinta-feira, 31 de maio de 2007

A Desilusão

Desvastamos na terra a sepultura...
Reencontramos a mentira numa criança,
um pesadelo desenterramos do chão humido.

Chegamos fundo, bem lá dentro do fosso,
vemos a imagem espelhada numa sepultura.
Tiramos para fora, chorando... rezamos.
Olhamos a repetição com angústia,
com tristeza, o medo já não existe.

Já não te descubro, encontro-me contigo.
Não há medo depois do desafio,
e cavamos até te tirar da terra.
E cavamos a terra humida do nosso orvalho,
e cavamos como nunca.

Desenterramos fantasmas antigos,
desenterramos o nosso terror...
Desenterramos para junto de nós o pavor,
o pavor que sempre me acompanhou,
a dor de picada fina que sempre me é fiel.

Desenterramos da nossa própria sepultura,
desenterramos o que antes foi cavado por nós...
Desenterramos da terra dos sonhos a desilusão.

segunda-feira, 28 de maio de 2007

Dá-me por favor tudo o que sempre tive,
dá-me o teu quarto pequeno e frio,
dá-me a tua voz rouca quando acordas,
o teu humor intragável, os teus beijos...
Dá-me tudo meu amor, volta a dar tudo.

Dá-me um prazer nos teus lábios,
dá-me o desgosto nos sentidos,
dá-me um momento de amor...
Dá-me amor que mais ninguém quer dar,
dá-me a verdade, o paradoxo dos nossos dias.
Dá-me tudo meu anjo...

Dá o que nunca me foi dado,
dá-me o reviver das noites, o passar dos dias.
Dá-me a mensagem das tuas manhas,
a angustia das tuas noites.
Dá-me verniz para te pintar as unhas,
dá-me uma voz rouca, dá-me de volta.

Dá o que não deste e não queres,
dá-me um pouco de amor.
Finge que me amas que seja, dá-me....
Dá-me a beijar o teu pescoço,
dá-me as cócegas de outrora,
dá-me o vestido no teu guarda fatos.
Dá-me as cartas minhas que guardas,
dá-me o amor que elas trazem,
dá-me meu amor, pouco mas dá-me.

Dá-me a musica que ouvias,
dá-me os teus livros de anatomia,
dá-me tudo, dá-me a tua saliva,
dá-me o teu corpo mais uma vez,
dá-me o que nunca houve entre nós,
dá-me se possível uma promessa,
dá-me um adeus mentido,
dá-me....

Dá-me a tua voz ao adormecer,
dá-me simplesmente a tua companhia,
dá-me o que mais ninguém quer dar,
dá-me o que sempre quisemos ser...
Dá-me eternidade...

sexta-feira, 25 de maio de 2007

E continua a canção

Em gritos mudos, calados, inquietos...
Como estilhaços de granadas marcados,
como uma serpente com os dentes cravados
assim te tenho ainda, hoje, sempre guardada.
Assim continua a revolução em silencio,
em silencios perdidos nas palavras
em muros altos, quietos, muralhas...
Assim continua a canção sem flautas,
sem muros, sem nada...
Assim continua a manada seguindo,
sempre pelo mesmo trilho, sempre igual.
Assim vamos sobrevivendo em sorrisos,
assim contruimos no silencio um texto,
mais uma amargura, mais um pedaço.
Corremos então para não mudar,
desejando sempre o tremor de outrora,
assim vamos sossegados passando os dias,
roupendo as noites em manhãs e as horas em segundos.
Vamos então aproveitando, sozinhos,
os poucos momentos de companhia.

quinta-feira, 24 de maio de 2007

E agora?
Agora decidi afastar-me da inspiração...
Não quero saber mais desta dor constante,
Sofrerei mais uma vez um tudo,
parei de sofrer a cada dia aos soluços
que esta tua ausencia forçada me trás.

Fugi para perto, mas fugi bastante,
longe já não estou nunca mais, é mais forte...
Mas perto será dificil encontrares-me,
talvez sinta o mundo longe de ti diferente,
talvez o faça longe de nós, deste vazio.

Vou então embora, caminhando lentamente...
Vou então fugindo das montanhas cinuosas
e junto-me assim ao resto da gente que corre na estrada.
Vou fugindo a passos triste, em caminhos certos,
vou fugindo a chorar, vou voltar um dia,
vou voltar um dia a cair, e vou voltar um dia...
Quem sabe quando... a amar!

Vou então para fora da alegria,
vou sair daqui, vou correr para longe,
vou então sofrer de saber que um dia...
Um dia não tive a coragem para acreditar,
um dia só tive coragem, apenas, somente,
tristemente, tive a coragem para nos matar.

quarta-feira, 23 de maio de 2007

Como um piano

Como um piano são as tuas palavras,
a melodia do teu riso estridente...
Como notas soltas numa sala cheia de nada,
como um nada envolto na magia das teclas...
Teclas que usas para me retardar a mente
como se doente eu fosse.

Usas a melodia para me dar um remedio,
uma cura para a desilusão desta batalha.
Como uma sinfonia percorres os teus dias
bebendo da magia um simples afecto,
trincando com toda a força as horas que passam.
Como um piano tocando baixinho vens suave,
vens mentindo com toda a tua verdade,
vens vivendo um nada nunca querendo tudo,
vens sabendo não fraquejar embora isto
te faça esmorecer e acordar fora de tempo.

Como um piano enches o meu salão de música,
melodias tristes e inacabadas,
tocas baixinho passando despercebida em mim,
tocas como se não estivesse nimguém a olhar-te
tocas com prazer, tocas para ti e mais nimguém,
tocas a melodia do terno beijo impossivel,
o nada reflectido na pauta da minha vida.

sábado, 19 de maio de 2007

O livro Nitidez saiu sem qualquer tipo de correcção ortografica, desde ja as minhas sinceras desculpas e vou tentar que o resto das cópias já saiam com correcção...
Um grande deslize confesso.