quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Raramente escrevo para me contentar,
escrevo para que me leiam todos os dias,
movo-me porque sei que todo o ser pode amar,
rebolo-me na terra para rever esse olhar que trazias,
em tempos que não te queria ouvir sequer falar,
queria apenas sentir-te tão perto como o teu simples olhar.

Não quero nada de vocês senão palavra sincera,
o mundo que a nós nos tem e nos ultrapassa,
o teu sorriso é mais um armadilha em que toda a massa
tem tendência suicida de te por á prova e tropeça,
cabelos pretos, tingidos pela tinta negra
para que leve a que o meu amor aconteça.

E se não te escrevi antes, talvez fosse cedo,
estivesse eu fechado no frasco das minhas memorias,
e para sair dele tive que ultrapassar todo este medo,
de ouvir repetidamente na tua voz as tuas histórias,
de loucuras e actos repetidamente errados
nos livros que tu dizes que agora já estão fechados.

Mas poderei eu confiar a minha alma em tuas mãos?
Ou serás mais uma vergonha nas minhas veias,
na saliva que não trocamos mas o fizemos em olhares vãos?
e assim calço os teus sapatos sem usar meias,
em que sentirei o arder frio do nosso suor
nas palavras curtas que trocamos apenas por amor.

Estranho ciclo repentino este de paixão,
no circular redundante do nosso pequeno respeito,
existe o nosso pecado que se chama coração
e muros de fortaleza na nossa rápida relação,
que guardo com todas as chaves que há no meu peito.

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