quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Raramente escrevo para me contentar,
escrevo para que me leiam todos os dias,
movo-me porque sei que todo o ser pode amar,
rebolo-me na terra para rever esse olhar que trazias,
em tempos que não te queria ouvir sequer falar,
queria apenas sentir-te tão perto como o teu simples olhar.

Não quero nada de vocês senão palavra sincera,
o mundo que a nós nos tem e nos ultrapassa,
o teu sorriso é mais um armadilha em que toda a massa
tem tendência suicida de te por á prova e tropeça,
cabelos pretos, tingidos pela tinta negra
para que leve a que o meu amor aconteça.

E se não te escrevi antes, talvez fosse cedo,
estivesse eu fechado no frasco das minhas memorias,
e para sair dele tive que ultrapassar todo este medo,
de ouvir repetidamente na tua voz as tuas histórias,
de loucuras e actos repetidamente errados
nos livros que tu dizes que agora já estão fechados.

Mas poderei eu confiar a minha alma em tuas mãos?
Ou serás mais uma vergonha nas minhas veias,
na saliva que não trocamos mas o fizemos em olhares vãos?
e assim calço os teus sapatos sem usar meias,
em que sentirei o arder frio do nosso suor
nas palavras curtas que trocamos apenas por amor.

Estranho ciclo repentino este de paixão,
no circular redundante do nosso pequeno respeito,
existe o nosso pecado que se chama coração
e muros de fortaleza na nossa rápida relação,
que guardo com todas as chaves que há no meu peito.

sábado, 6 de outubro de 2007

(a)mar....

E eu a pensar que te amar,
seria fácil, terno, tranquilo,
seria peixe adoçado, um amigo,
e eu a pensar que serias então o meu mar.
Oceano, desgraça, aqui continuo perdido,
assim voz faminta, visão de paraíso,
para que então contigo falar,
se é piranha o amor que me faz passar,
se é então conto perdido, estômago faminto
a dor que doí vezes sem cessar.

Mas se é mar, não acaba,
se é mar não me cansa os olhos,
se é mar, vem com a maré, um dia amar,
se é maré é vaza, é cheia, como quiseres,
se é mar ou maré o teu vestido de folhos,
é amor qualquer pequeno gesto que fizeres.

É então salgado o teu amor,
sede contínua, insaciável tormento,
ferida de tanto e insuportável ardor,
pão das quintas que estão longe,
padrão triste, beijo que já não aguento,
rosa, espinho bravo, foste só um momento,
meu mar salgado como a minha vida
meu ponto de partida sem haver uma ida.

E não te canses maré no teu vai e vem,
porque amanha já não estou cá
já foste água que me bebeu, porém,
não serás a água que vou beber
com força suficiente serás essa que nunca afogará.








Aqui deixo a vocês, poucos, que me lêem mais um pequeno do meu próximo livro que em breve estará disponível. Obviamente vou avisar aqui no blog quando estiver já editado.
Antes de mais nada obrigado.